22 jul 2015

Quanto das suas frustrações amorosas são realmente culpa do outro?

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Já me fiz diversas vezes essa pergunta, seja por situações que vivi ou por situações vividas pelos meus amigos.

Quando nos relacionamos com alguém, é natural querer que essa relação só nos dê felicidade e que corresponda a todas as nossas expectativas. O problema é que expectativas demais não são boas. Elas criam um mundo imaginário que quando não é correspondido exatamente como imaginamos, cria uma insatisfação muito grande.

Porém, também é verdade que às vezes os problemas que temos nos nossos relacionamentos são realmente tangíveis, estão aí, escancarados na nossa frente, sem que sejam o resultado de uma expectativa criada. São porque são, porque somos humanos, constituídos de qualidades e defeitos, portanto é normal que o outro nos cause um bocado de tristeza e raiva vez ou outra.

E quando isso acontece nossa reação natural é querer que isso se resolva logo porque ninguém escolheu amar para sofrer, chorar ou se decepcionar diariamente com a mesma coisa.

Então, depois de algumas conversas ou “DRs”, as coisas se ajustam, vocês dois respiram aliviados mas 3 ou 4 meses depois constatam que está tudo igual novamente. E aí aquele ciclo de incômodo volta, se não nos dois, em um de vocês.

Quando esse ciclo se repete sempre pelo mesmo motivo, pelo menos duas coisas devem estar acontecendo: ou quem prometeu mudar caiu na mesmice de novo ou quem esperava uma mudança esqueceu de mudar também.

Como assim, Fê?

É simples: já passou pela sua cabeça que às vezes cobramos do outro algo que ele nunca prometeu dar?

Já passou pela sua cabeça que a outra pessoa sempre foi daquele jeito mas que você mudou as suas preferências com o tempo?

Já passou pela sua cabeça que assim como tudo muda o tempo todo, as nossas exigências também mudam?

Já passou pela sua cabeça que o que não te incomodava ontem pode de incomodar daqui a pouco?

Já passou pela sua cabeça que o outro pode ser ainda a mesma pessoa por quem você se apaixonou, que o seu sentimento por ele também pode ser o mesmo ainda mas que você já não é o mesmo mais na relação?

Já passou pela sua cabeça que o outro pode mesmo estar se esforçando para mudar aquilo que você pediu mas que você pode estar cobrando dele algo que não está bem resolvido em você?

Ou ainda, já passou pela sua cabeça que ainda que para você seja pouco, o outro pode estar dando a você o melhor de si mas que de repente esse melhor não é suficiente para o que você espera em um relacionamento?

Já passou pela sua cabeça que o vilão pode não ser o outro?

Em outras palavras, quanto das suas frustrações amorosas são realmente culpa do outro?

Às vezes é preciso aceitar que não é o outro que precisa mudar, mas sim perceber que nós é que mudamos e não nos conhecemos o suficiente para admitir que o que nos fazia felizes ontem, pode simplesmente ter se tornado pouco hoje.

Às vezes, a felicidade que tanto queremos só pode partir de nós e passar meses ou anos cobrando do outro o que muitas vezes ele já está dando, é não admitir para si mesmo que a insatisfação interna está sendo projetada em quem não tem culpa.

Às vezes, o que o outro dá é realmente pouco mas é o melhor que ele pode dar. No entanto, continuar cobrando algo melhor é aprisionar dois corpos em um lugar que não lhes pertence, porque aquele que está dando tudo o que de melhor tem e que para você é pouco, vai se frustar. E você, que não admite que o que ele tem é bom mas é insuficiente para você; vai viver sempre nesse campo minado de emoções pela metade. E nenhum dos dois consegue ser feliz plenamente.

Às vezes, tudo o que a gente precisa é olhar para dentro e só tentar responder isso: quanto das minhas frustrações amorosas são realmente culpa do outro?

Não é um problema admitir que seus gostos, sentimentos e exigências mudaram mas é injusto projetar ou esperar do outro, um processo que só se deu em você. Relacionar-se é abrir mão diariamente em favor de algo maior mas não é querer que o outro seja alguém que ele nunca foi. Na verdade, relacionar-se é descobrir-se no meio do caminho e permitir a ambos serem livres em suas descobertas.

Às vezes, olhar pra si pode retirar dos ombros aquele imenso fardo que depositamos nas nossas relações.

 

Fê La Salye
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Comentários

4 comentários em "Quanto das suas frustrações amorosas são realmente culpa do outro?"
  1. Criscia Schneider   22/07/15 • 23h40

    Boa, Fê! Mais uma vez, arrebentando…
    Sábias palavras.
    Beijussssss… Cris, Joinville

    • Fê La Salye   26/07/15 • 00h58

      Obrigada, Criscia. Bjs

  2. Fabi Rafa Brunhara   27/10/15 • 13h21

    Fe você como sempre muito sábia nas suas palavras.
    Eu sou uma prova de tudo isso que você falou. Sou casada há 11 anos, de uns três anos pra cá meu relacionamento estava por um fio, pois eu estava cobrando demais o meu marido, eu achava que ele tinha obrigação de me fazer feliz, de realizar todos os meus sonhos. Mas eu acordei a tempo, vi que ele tem que me fazer feliz sim, mas a minha felicidade não pode depender só do que ele faz por mim, eu também tenho que fazer coisas que deixe feliz, eu tenho obrigação de correr atrás e realizar os meus sonhos não ele, afinal de contas o sonho é meu. Quando eu parei de ficar cobrando meu casamento mudou muito, hoje vejo um brilho diferente no olhar do meu marido, ele é muito mais atencioso do que eu jamais pude imaginar. Hoje eu sou mais apaixonada por ele e ele por mim. Não devemos sobrecarregar o outro se não uma hora um dos dois não aguenta a carga.

    • Fê La Salye   08/01/16 • 16h04

      Fabi, muito obrigada pelo carinho! E fico muito feliz com a melhora do seu relacionamento. É exatamente isso! Somos indivíduos antes de sermos um casal e precisamos estar felizes antes de cobrar do outro algo que só depende de nós. Beijos!

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