Um post bem famoso aqui no blog é aquele em que falo sobre uma espécie de preconceito que os que fazem viagens internacionais, sofrem. Hoje eu quero falar sobre outro tipo de preconceito ou dificuldade (caso prefira essa palavra) que acomete os brasileiros que moram fora.
Você já percebeu a quantidade de brasileiros que não aceitam que outro brasileiro saia do Brasil? Eu só me dei conta de que isso existia e num nível até agressivo, quando mudei de país e aí começaram os “ataques de patriotismo”. A lista de frases é imensa mas vou citar as 3 mais comuns:
É por isso que o Brasil está do jeito que está porque ao invés de ficar e mudar, vocês se mandam
Não, o Brasil não está do jeito que está – jeito este que cada um interpreta de uma maneira – porque alguns brasileiros decidiram morar fora. As pessoas decidem morar em outro país por muitos motivos que não necessariamente seja a fuga dos problemas que seu país enfrenta. E ainda que este seja o motivo, ele é bem válido. O ideal seria que cada país no mundo fosse bom o suficiente a ponto de ninguém precisar tentar a vida em outro lugar.
Vocês abandonam o Brasil mas na primeira dificuldade no exterior, voltam pra ele abanando o rabinho
Que mundo é esse que as pessoas vivem em que outros países não possuem problemas e que a mudança de CEP é a solução para tudo? Me apresentem porque quero viver nele. O Planeta Terra, esse no qual eu vivo, é composto de países formado por seres humanos, burocracias, miséria em maior ou menor grau e muitos problemas sociais.
Se os que moram fora decidem voltar ao Brasil em algum momento por causa de alguma dificuldade no exterior, isso não é um crime. Aliás, morar em qualquer lugar desse mundo não é crime e decidir o melhor para cada um, inclusive voltar, também não é. Se trata de uma escolha pessoal onde terceiros nem deveriam opinar.
E tem mais, nem sempre as pessoas voltam para o Brasil por um problema, podem voltar por algo muito feliz também e até os que voltam por um problema nem sempre voltam satisfeitos e ficam felizes. A síndrome do regresso está aí para comprovar.
Mas seu lugar é no Brasil
“Seu lugar”. Vamos refletir um pouco sobre isso.
Conheço alguns estrangeiros que nasceram em um determinado país por diferentes circunstâncias. Exemplos: Uma amiga nasceu na Itália porque a mãe estava viajando a trabalho e entrou inesperadamente em trabalho de parto e ela precisou nascer ali mas quando a mãe teve alta, elas voltaram para o Brasil. Também tenho amigos que nasceram no Brasil porque os pais estavam trabalhando lá mas que 3 meses depois voltaram ao país de seus pais e cresceram nesse lugar.
Nos 2 casos citados as pessoas apenas nasceram naquele país mas nunca se sentiram cidadãos dali. Foram criados em outro e se sentem bem neles. Só lembram o país que nasceram quando alguém pergunta.
E você aceitando ou não, tem gente que nasceu e viveu no Brasil e não se sente brasileiro. E pasme: isso também não é crime e nem falta de cidadania, é apenas falta de identificação com a cultura, com o lugar, nada além disso. Essas pessoas continuam cumprindo com todas as obrigações legais e de um bom cidadão, apenas não se sentem parte daquele local. O seu RG indica a sua identidade em termos legais mas não a sua identidade como pessoa. Está na hora de aprender a diferenciar isso.
E voltando ao “seu lugar”… O lugar de cada pessoa é onde ela se sente bem não apenas na fase atual mas em cada fase da vida. Feliz aquele que pode experimentar culturas diferentes mais de uma vez e feliz é aquele que se sente bem na cultura que nasceu sem ter a necessidade de vivenciar outras. Felicidade é pessoal e intransferível. Cada país seria melhor se cada pessoa entendesse esse conceito tão básico.
Excelentes abordagens!!!
Parabéns por seu trabalho informativo e engrandecedor cultural.