E a verdade é que elas nao conseguiram conviver com ela. Até tentaram, verdade seja dita. Mas nao suportaram.
Acredito até que elas gostavam dela, de alguma coisa nela. E talvez esse tenha sido o problema. Nem todos sao capazes de conviver com aquilo que você traz de bom, o que é uma besteira. O bom de todos só deveria ser admirado pelo outro, mas em muitos, gera mesmo um incômodo. Revoltante. Triste. Mais triste que revoltante.
Elas nao conseguiam entender como ela podia repartir seu afeto com todos. Incomodava a sua surpreendente liberdade de amar o mundo sem prometer exclusividade a ninguém. A capacidade de dividir o carinho e recebê-lo de volta.
Para elas era difícil entender que afinidade você tem com poucas pessoas mas isso nao significa que nao se sinta extremamente bem com as demais e que isso nao faça delas suas amigas, de igual importância em seu coraçao.
E por nao entendê-la, optaram pela superficialidade na relaçao, algo que seria completamente possível, se ela soubesse viver superficialmente. Permitir isso, seria assinar o atestado de que elas estavam certas em seu julgamento e negar-se o direito de seguir enchendo sua vida de presentes verdadeiros: pessoas.
Como fazê-las entender que, ainda que outros apareçam no caminho de nossos amigos isso nao exclui o lugar que conquistamos em seus coraçoes? Quem divide, soma. Quem nao entende essa matemática, se subtrai do convívio sem o esforço alheio, afetando negativamente sua vida e de quem o cerca.
E assim se viram obrigadas a deixá-la. A inveja, a infantilidade e a arrogância. Elas.