Sobre como o meu blog e canal viraram meu melhor currículo

Bem mais do que há 5 anos atrás, atualmente muitas pessoas desejam ter um blog. A internet está para a nossa geração como esteve para nossos pais e avós com a chegada do rádio e da TV: causou aquele frisson, aquela vontade de descobrir tudo sobre esse mundo ou de pelo menos acompanhá-lo de perto e com uma baita vantagem: é muito mais acessível e inclusiva.

Fora que já temos grandes exemplos no Brasil e no mundo afora de pessoas comuns que passaram a viver de produção de conteúdo e ver gente comum vencendo na vida é muito legal, dá um ânimo na gente e uma vontade maior de se inspirar nelas para perseguir os nossos sonhos.

Viver de conteúdo é possível. Não sei até que ponto as pessoas conhecem os desafios ou as possibilidades disso, mas é possível. O que muitos ainda não sabem é que é ser blogueiro e youtuber pode render experiências profissionais maravilhosas que não necessariamente façam dela a profissão em si. Vou contar a minha história para ficar mais fácil.

Eu sempre amei escrever. Quem cresceu comigo sabe que eu sempre tive um caderno separado dos cadernos escolares para escrever minhas inspirações. Lembro que aos 9 anos comecei um caderno de crônicas e poesias onde aos 15 anos eu já tinha 350 contos escritos e com eles ganhei um prêmio de literatura e uma bolsa no colégio que estudei. Eu realmente amo as palavras, as sonoridades de cada idioma, a ideia de verbalizar sentimentos.

Sempre fui conhecida pelos amigos como a amiga que podia criar rapidamente um slogan para uma ideia boba de algo que aconteceu durante uma viagem, que fazia letras de músicas imbecis que ninguém tirava da cabeça e que gostava de apresentar trabalhos oralmente porque adora falar e adora aquela sensação de ter dito algo durante a apresentação que foi além do script.

Aí eu cresci e resolvi fazer publicidade, viver de comunicação e faço isso há 15 anos. UAU! Nesse meio tempo já fiz de tudo um pouco dentro do marketing e da publicidade e desde 2004 trabalho, entre outras coisas, com a gestão de blogs de clientes. Em 2009 resolvi criar um blog pessoal para resgatar aquele projeto da infância, ou seja, parar de escrever no caderno para escrever virtualmente mas era algo para mim, no máximo para um ou outro amigo ler. Só em 2012 é que o Pigmento F nasceu, onde seu foco era compartilhar aprendizados.

Muita coisa aconteceu desde o começo do Pigmento F mas embora 3 anos de conteúdo tenham se passado, ainda é pouco para viver dele. Quem trabalha com internet sabe que não é da noite para o dia que as coisas acontecem e tem muita gente iludida nesse assunto, achando que em 1 ano de blog vai estar muito bem financeiramente. Não, o blog não é ainda a minha fonte de renda mas posso dizer que vivo dele. Oi? Como assim?

Já tem 2 anos que indiretamente o meu blog e canal viraram o meu currículo. Eu percebi isso depois da quantidade de entrevistas a que sou chamada sem sequer me candidatar as vagas e quando começo a conversar, o entrevistador diz “vi no seu vídeo ou no seu post que você…”

A empresa que trabalho atualmente me contratou exclusivamente por causa do meu blog. Não, ela não é uma empresa parceira. Não temos nenhum contrato envolvendo o Pigmento F, ela simplesmente me encontrou pelo blog, achou que meu perfil era ideal para o projeto dela e me contratou. O RH nunca viu o meu currículo, só soube os cursos, faculdades e outras coisas que fiz depois de 3 meses que já estava contratada. O que realmente interessou a eles foi o trabalho que eu realizo no meu blog e como esse meu conhecimento poderia ajudar na empresa.

Também já tive a chance de palestrar em empresas que eu sempre quis conhecer de perto, em congressos e acesso a cursos e eventos que eu jamais entraria se os interessados não tivessem me encontrado através do meu blog. Nenhum desses eventos rendeu dinheiro para o Pigmento F ou foram pensados para viabilizar algo para essas empresas através de um espaço no PF. Não!!! Essas oportunidades viabilizaram um up na minha carreira, no meu crescimento pessoal, através de um blog pessoal. Entendem a diferença?

Meu blog e meu canal no Youtube são de longe o melhor currículo que eu poderia ter. Hoje eles me abrem portas em empresas, oportunidades de trabalho, propostas salariais e desafios jamais imaginados. Indiretamente posso dizer que vivo do blog porque ele tem me levado a projetos que certamente eu não chegaria de outra forma. Talvez eu nunca seja uma blogueira “tradicional” que trabalha unicamente com o blog – talvez, porque o futuro a Deus pertence – mas eu já colho frutos desse trabalho no meu trabalho convencional, entendem?

Meu incentivo para que você tenha um blog vem desse outro lado da moeda. Se você quer muito ter um blog, acredite nesse sonho mas faça por paixão unicamente e não pensando em viver dele porque isso pode acontecer mas demora para gerar resultados, muito mais do que se você seguir a escala natural de crescimento dentro de uma empresa – estágio, subordinado, chefe, coordenador, gerente, diretor… – fora que em todas esses cargos você tem salário imediato e ao iniciar um blog você não tem renda em alguns anos.

Porém se você colocar paixão e todo o seu conhecimento, ele será visto e será reconhecido de alguma forma e isso pode inclusive mudar para melhor a sua profissão atual. Você passará a ser visto realmente como um formador de opinião ou digital influencer e as empresas estão cada vez mais interessadas em contratar pessoas com esse perfil. Um blog pode não ser a sua profissão mas pode ser mais uma faceta das suas muitas qualidades profissionais e isso com certeza só te fará bem. Pense além de parcerias, além de produtos para receber em casa, além do que a blogosfera apresenta. Pense em como construir o seu nome e imagem através dele.

Talvez um dia esse blog faça de você um empreendedor e isso será o máximo mas até lá ele pode ser o melhor currículo que você poderia ter. Se você já tem um blog, pense nisso e se ainda não tem, tenha!

*Imagem: Banco de Imagem, free.