22 set 2016

Quero ser blogueiro ou pagar para trabalhar?

LIFESTYLE > Dicas para Blogueiros

Essa é uma pergunta frequente nos grupos de blogueiros que assim como eu, ainda não conseguiram fazer de seus conteúdos uma profissão. Quando digo profissão me refiro a algo mais que reconhecimento, me refiro a segurança de poder trabalhar apenas com isso e ter além de contas pagas, a chance de fazer planos.

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Como já comentei em outros posts da coluna Sucesso Digital, ser blogueiro ou youtuber de forma profissional já foi mais fácil. Quando tudo começou há uns 10 anos atrás, os primeiros no mercado eram novidade não só aos olhos do seguidor mas dos anunciantes. Quem fez seu nome naquela época está um pouco mais tranquilo do que quem começou depois.

Não estou dizendo com isso que quem conseguiu fazer do blog ou canal um trabalho não tenha se esforçado e muito menos que não tenha que continuar se esforçando. Também não estou dizendo que quem veio depois não tem chances. O mundo é das grandes ideias e talentos independente da era, no entanto, mercados de trabalho ficam saturados independente disso, anunciantes ficam mais exigentes, o público fica mais seletivo e em qualquer profissão, a forma como se movimenta o cenário em que você está inserido influencia diretamente no sucesso ou na estagnação do seu trabalho. Quer ver?

Com o tempo, a blogueira de maquiagem do momento foi dividindo o espaço com milhares de outras que passaram a gravar tutoriais e fazer resenhas de produtos.

De repente, o gamer que fazia reviews em vídeos e concentrava no seu canal boa parte da audiência, passou a disputar a atenção do seguidor com outros gamers, inclusive com aplicativos de celular.

Do nada muita gente descobriu que é possível viajar o mundo e escrever sobre ele.

Aí vieram as redes sociais e seu grande poder de difundir ainda mais o trabalho de cada criador de conteúdo e com o passar dos anos, as próprias redes sociais tiveram que encontrar uma maneira de tirar proveito disso e o fizeram limitando o quanto cada seguidor tem acesso aos conteúdos de quem segue. Dessa forma os criadores de conteúdo se viram obrigados a pagar para as redes sociais a fim de obter maior visibilidade, o que nem sempre é a melhor alternativa.

Com o tempo as pessoas passaram a ler menos e a só ver vídeos, o que fez muita gente talentosa com palavras e sem habilidade com as câmeras arriscar a vida no Youtube.

E aí chegou o momento em que por enjoar da televisão e por influência das redes sociais e da praticidade do Netflix, os youtubers se viram na necessidade de inovar nos cenários, nos conteúdos, na duração dos vídeos, na frequência de publicação. O que antes se mantinha de pé e pagava as contas com a informalidade, virou privilégio de poucos. A maioria precisou incorporar a estratégia da TV para se manter. Que ironia!

E como se não bastasse, o “tirar vantagem” foi substituído pela palavra “permuta”. Pagar por um post ou por um vídeo ficou cada vez mais raro em um mundo que transformou pessoas comuns em celebridades, onde seu nome ou imagem dão muito mais lucro que um post ou vídeo, então, para estes profissionais, voltar a escrever ou aparecer com a mesma frequência no Youtube precisa valer muito a pena, do contrário, publicam quando possuem humor para isso.

Se por um lado ver tantos colegas de profissão traçando um caminho maravilhoso de estabilidade financeira dá um baita orgulho, por outro lado esta ascenção vai ficando cada vez menos disponível a todos. Inclusive esta enorme valorização fez as empresas desvalorizarem muitos blogs e canais relevantes.

Trabalho com publicidade e marketing, faço parte do time que procura bons canais de comunicação para anunciar uma marca e quase sempre o briefing é: “procure um blog ou canal relevante que aceite troca de divulgação ou outro tipo de permuta. Se for para pagar, economizemos para estar num blog/canal top, ou seja, com zilhões de seguidores.” E o resultado disso a gente já conhece: os grandes ficam ainda maiores e os que poderiam ser grandes só possuem duas opções: aceitar a tal visibilidade que quase sempre implica trabalhar de graça por um resultado que muitas vezes não é bilateral ou dizer não e continuar trabalhando pelo seu espaço.

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Por que eu estou contando tudo isso?

Porque num mundo em que a geração mais nova tem pensado em deixar de fazer uma universidade para viver de conteúdo, num mundo em que países enfrentam uma crise financeira e fazer posts ou vídeos de qualquer lugar parece ser um caminho, faz falta um “cadinho” de transparência, faz falta mostrar o outro lado da moeda.

Porque numa época em que seguidores dizem aos seus blogueiros que o tempo passou e eles não evoluíram ao não se associarem a determinadas marcas ou em não mudarem um pouco seus conteúdos, faz falta dizer que nem todo mundo que está na web teve as mesmas oportunidades. Que criar conteúdos de qualidade exige uma grana e que levar o “cargo” de blogueiro não significa que se tem patrocínio para tudo. Aliás, está aí uma coisa que você precisa lembrar se quiser ser blogueiro: muito do que você assiste ou lê hoje foi pago por alguém que possibilitou a qualidade daquela publicação. Isso não desmerece o conteúdo mas faz você entender que não ter quem te patrocine muitas vezes vai limitar o poder de atração do que você publica.

Resolvi falar disso para que você não desista do sonho de viver do seu trabalho digital mas ao mesmo tempo para te mostrar a realidade que muito perfil de Instagram esconde ou que já não vive mais. Vim te incentivar a blogar ou fazer vídeos por amor e enquanto isso se dedicar com tudo à sua profissão e à sua aposentadoria porque o tempo passa muito rápido e sonhos não pagam contas. Vim te incentivar a não trocar o seu talento por uma “base de maquiagem” porque quanto menos você valorizar o seu trabalho, mais vai demorar a viver dele. Vim te incentivar a aproveitar as oportunidades mas só aquelas que realmente valem a pena.

E por fim, vim confirmar ao leitor que não existe blogueiro ou youtuber deuso, existem pessoas normais, como você, como EU. Vim confirmar que eu quero continuar sendo blogueira mas sem pagar para trabalhar, sem fazer o que não está ao meu alcance mas fazendo com toda a dedicação o que sei que posso fazer e por alguns motivos: porque toda dedicação traz resultados, porque chegando a viver ou não desse trabalho ele me faz feliz e porque você que me acompanha merece, afinal, se eu não tivesse a certeza da sua presença aí do outro lado, nada disso faria sentido.

 

Fê La Salye
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Comentários

4 comentários em "Quero ser blogueiro ou pagar para trabalhar?"
  1. FRANCIELI BOCASSANTA GABRIELLI   23/09/16 • 14h14

    Nossa falou tudo! Tenho um blog há um ano e até hoje não ganho nada por isso, faço simplesmente porque gosto. Mas infelizmente muita coisa custa dinheiro e tempo. Ainda bem consigo ter o meu trabalho fixo e cuidar do blog. Mas como você disse não dá para pagar para trabalhar, então muita coisa fica fora do nosso alcance. Beijos

    • Fê La Salye   29/09/16 • 18h51

      Complicado, né Francieli? Acho importante gerar essa conscientizaçao porque está longe de ser um conto de fadas. Sucesso pra você! Bjs

  2. Di   19/10/16 • 17h26

    Olá, Fê.
    Acabei de conhecer seu blog e canal fazendo uma busca. Lendo a série de post começando por este. Muito bom seu texto. Blogar por amor é a chave para muitas coisas boas.
    Obrigada por compartilhar.
    Beijos.

  3. Rogério França   21/01/17 • 22h36

    Estou em Santiago e segui a sua dica de restaurante. Fui almoçar no KM0. Conclusão: excelente. Pedi o lomo com pure de abóbora. Uma maravilha. Valeu!

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