13 mar 2017

Quando os amigos estão em fases diferentes

COMPORTAMENTO

Coisa boa é quando os amigos estão na mesma fase da vida. Todo mundo compartilha dos mesmos momentos, vive tudo com muita intensidade e fica fácil e gostoso dividir a vida.

(banco de imagem)

Mas a vida é dinâmica e não demora muito as pessoas vão conquistando coisas novas, dando novos passos e logo aquele grupo homogêneo de amigos se transforma em um grupo em que a única coisa que se tem em comum é o respeito e o amor pelas pessoas.

Isso é muito bom mas não é suficiente. Sabe aquela história de que só amar nao basta? Pois é, ela serve para as amizades também.
Tenho amigos maravilhosos no Brasil e fora dele que se mostraram ainda mais especiais quando a distância (devido a minha mudança de país) se tornou uma realidade. Com eles eu sei que sempre posso contar. No entanto isso não quer dizer que o dia a dia seja fácil porque a vida de cada um de nós já não é a mesma de quando nos conhecemos.

Enquanto escrevo esse post lembro de 12 amigos bem especiais. Nem todos fazem parte do mesmo grupo mas passam pelas mesmas coisas. Desses 12 amigos, 9 já são  pais/mães e os outros 3 são  casados. É natural que esses 9 amigos falem muito sobre maternidade e portanto os outros 3, por mais que amemos seus filhos, ainda não somos parte desse mundo, então não dá pra interagir nas conversas com a mesma alegria e frequência quando eles falam de mamadeiras, de material escolar ou da felicidade de ver o recém-nascido fazer cocô (incrível como os pais falam disso com a mesma empolgação e naturalidade de quem comprou um carro).
Aí você começa a observar que outras pessoas do mesmo clube, o “clube maternidade” começam a fazer parte das festas de aniversário, casamentos e outras comemorações. E você vai se dando conta de que a vida está realmente se movimentando de um jeito diferente. Nesse mesmo grupo também vivemos a difícil tarefa de que cada um entenda a agenda do outro e talvez o seu grupo de amigos tenha uma dificuldade parecida com a nossa.

Por um lado estão os que trabalham em empresas com um dia cheio e que só conseguem olhar no celular no final do dia, com sorte no final de semana para dar aquele oi no WhatsApp e torcendo para não estar incomodando, afinal, tem um fuso horário gigante entre nós. Por outro lado estão as mães ou pais que decidiram ficar em casa com os filhos nos primeiros anos de suas vidas. Eles têm muito trabalho e com certeza é um trabalho ainda mais cansativo e que nunca tem fim. Estão 24 horas trabalhando mas entre uma fralda e outra conseguem conversar – quer dizer, mandar um áudio porque com criança no colo é difícil escrever – e geralmente vem na madrugada quando o primeiro grupo está dormindo ou durante o dia quanto o primeiro grupo está em alguma reunião de trabalho.

No meio disso tudo ainda temos o grupo que trabalha fora mas com um horário flexível, sem precisar estar 8 horas por dia em uma empresa. Podem trabalhar de casa ou de outro lugar. Eles trabalham pra caramba mas tem o previlégio de organizar a agenda diária de forma que possam trabalhar e ter tempo para coisas pessoais. 12 pessoas, cada uma com uma agenda e fase da vida diferente, que se amam, se apoiam, mas com uma tremenda dificuldade de entender os tempos do outro. Ninguém duvida da importância que continua tendo para cada um, mas o que trabalha fora com horários flexíveis tem dificuldade para entender quando o que trabalha em horário integral e num ambiente rígido nao consegue dar um oi no WhatsApp nem na hora do almoço. E ambos grupos tem dificuldade de entender que os que estão  em casa com os filhos só vão conseguir conversar quando eles dormem e que por muito tempo vão conversar sozinhos porque os horários dos outras pessoas não bate com os deles.

Se antes era a coisa mais fácil do mundo planejar uma viagem juntos, agora isso é quase mover o mundo porque não é só a agenda dos adultos mas tem que ver as férias escolares das crianças e quando quem mora fora pode ir também. E esse é apenas um dos problemas.

E tudo isso é muito bom, mostra que a vida seguiu seu curso e que continuamos especiais para os nossos amigos mas ainda assim precisamos ser honestos em admitir que a amizade pode ser a mesma mas a convivência vai mudar. E quando aceitamos isso entra o desafio de amadurecer, de lembrar que um dia fomos aquele grupo cuja única preocupação era chegar a tempo para o encontro no cinema, em que marcar algo faltando 30 minutos era super possível mas eram outros tempos, outra fase. A amizade continua, a disponibilidade não e a gente precisa aceitar isso sem duvidar da importância que temos para o outro.

É difícil mas é possível e preciso. Se você já passou por isso, vai entender meu post.

 

Fê La Salye
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Comentários

3 comentários em "Quando os amigos estão em fases diferentes"
  1. Idenilza Ferreira   13/03/17 • 13h44

    Lindo texto. Ano passado meu filho participou das Paralimpiadas e além do orgulho de vê-lo participando tive o prazer de reencontrar duas amigas, uma das escola e outra de trabalho. Fiquei muito feliz por sentir que mesmo com o afastamento que ocorreu durante anos de nossas vidas, o carinho, o amor, a amizade não tinha sido afetada!!! Agradeço a Deus por isso!! Prazer…tô chegando agora é já gostando muito do que estou lendo e assistindo…beijos e sucesso sempre!!!

  2. Fotógrafo em Florianópolis   28/03/17 • 19h57

    Parabéns pelo blog, muito bom!

    Abraços,
    Guilherme Antunes
    Fotógrafo de Casamentos
    http://www.guilhermeantunes.com.br/

  3. Nathali Costa   01/04/17 • 21h36

    Sem dúvida a melhor felicidade é encontrar aquela amiga da época da escola, que mesmo sem se ver em 5 anos, nada mudou, o calor do abraço é o mesmo e a conversa continua como se nada tvesse acontecido

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