03 out 2014

Todo mundo precisa desabafar. Eu também.

LIFESTYLE > Resignifica

Anger

Hoje vim aqui desabafar. Pensei muito antes de fazer mas por mais que a repercussão desse post seja negativa, preciso dizer o que vou dizer.

Há muito tempo eu venho desanimando das redes sociais como um todo. Nem é pelas redes sociais em si, mas por causa das pessoas mesmo.

É claro que vocês já perceberam a quantidade de gente que se dedica a se gladiar nos comentários de redes sociais. Não estou falando das redes sociais do Pigmento F, mas de todas. Começa com alguém expressando a sua opinião, aí vem uma segunda pessoa que discorda e isso é suficiente para que elas usem a página de uma terceira pessoa para iniciar uma briga. É como se essas duas pessoas que não se conhecem – e talvez por isso se encham de coragem para despejar ofensas – entrassem na casa de alguém que elas apenas conhecem o trabalho ou a fama dessa pessoa e sem nem pedir licença, começassem uma guerra, ali mesmo, na sala da pessoa “famosa”. É isso o que o dono de uma página na rede social deve sentir quando pessoas usam o seu espaço para brigar.

Como se não bastasse isso, tem também os que invadem essa “casa” e se sentem no direito de ofender o dono gratuitamente ou de criticar qualquer coisa. Mas esse qualquer coisa, é qualquer coisa mesmo. Desde o sorriso expressado na foto que o “invasor” achou sem graça, até a dica que a pessoa com a maior boa vontade resolveu dar mas o “invasor” achou totalmente desnecessária. Falando bem na linguagem das redes sociais: “Tipo assim”, acabou o respeito.

E não podemos esquecer das respostas mais que decoradas como: “Se você não gostou você é recalcado”. “Se você não se lembra, eu sou livre para dar a minha opinião.” “Enquanto vocês ficam se matando para defender a guria, ela não está nem aí pra vocês.”

Conclusão: Fulano se acha no direito de ofender e de fazer uma crítica pública (vocês vão me desculpar, mas quem tem respeito por alguém, ainda que seja uma crítica boa, ele faz em particular. Não precisa gritar em público), aí vem os bem intencionados com um argumento que já enfraqueceu: o tal do “recalque”, (que às vezes pode até ser recalque mesmo mas o defensor cai no mesmo erro ao generalizar. Nem todo mundo que ofende ou critica está recalcado, às vezes só deveria ter pensado melhor onde se expressar); e como se não bastasse, vem um terceiro e quarto que ainda coloca em jogo a imagem do dono da página, dizendo que ele não se importa com os seus seguidores. Aaaah má vá, minha gente! Desnecessário e mal educado, né?

A “coragem” das redes sociais é algo assustador. É como se o fato de ter um perfil me desse o direito de falar o que quiser, pra quem quiser, na hora em que eu quiser. Será que temos mesmo que falar tudo o que pensamos? Eu acho que temos o direito de pensar tudo, mas de falar tudo, não. Isso não é exercer um direito, é exercer a má educação mesmo. E tem mais: a gente fala o que pensa com quem tem intimidade e é um erro achar que o fato de seguir alguém te faz íntimo dessa pessoa. E mesmo que você seja íntimo, o seu cuidado com o que, quando, como e onde dizer, deve ser redobrado. Palavras não voltam e no caso de ser íntimo ou próximo de alguém, pode causar efeitos ainda mais devastadores.

Fora essa questão das redes sociais que eu sei que muita gente também está cansada, venho aqui desabafar outra coisa.

Essa semana eu fiquei doente. Enxaqueca fortíssima, infecção intestinal, febre, fraqueza (tudo começou no domingo e só hoje, sexta-feira, consegui comer um iogurte porque nem  a água parava no meu estômago). Mesmo doente, eu fiz vídeos, editei, fiz posts, respondi comentários e emails até o momento que deu porque realmente precisei parar um pouco com o trabalho (sim, eu trabalho), com o blog, com os deveres da casa e qualquer outra coisa que me exigisse esforço. Não tinha condições mesmo.

Mas como blogueira, eu sei do prejuízo que uma pausa no blog pode me causar. Nem falo de dinheiro porque o blog ainda não me rende 1 peso chileno. Falo de relacionamento com o leitor, de novos seguidores, de não responder a tempo às dúvidas que chegam, da audiência do blog cair (blog também tem nível de audiência) devido a falta de novas postagens e por aí vai. Eu sei de tudo isso e por isso mesmo tentei continuar com o ritmo normal, mesmo doente. Mas chegou um momento que não deu. Era fisicamente impossível e até irracional fazer isso. E foi quando comuniquei publicamente nas redes sociais que eu me ausentaria – ao menos com posts no blog – por um tempinho até me recuperar, e que talvez eu demorasse um pouco para responder aos emails.

Recebi muitas mensagens carinhosas que quero agradecer mais uma vez, mas também recebi mensagens bem grosseiras, como “Ficar doente ninguém escolhe mas ter um blog, sim. Você tem a obrigação de me responder quando eu preciso porque se estou viajando, não tenho como acessar o blog para ter a informação e como é urgente, você tem que me responder. Se não sabia disso, não criasse um blog” ou ainda “para de fazer cena nessa foto onde diz que está doente e me ajuda porque estou perdida em Santiago.

Oi?! A única coisa racional nas frases dessas pessoas (foram mais de uma) é a parte “ninguém escolhe ficar doente”. Todo o resto não faz sentido. Por isso mesmo eu ignorei mas não minto ao dizer que esse tipo de coisa me entristece e me causa raiva. Eu faço do blog um trabalho mas não é ele que põe comida na minha mesa. Eu trabalho muito pra que um dia isso aconteça mas ainda não é o caso. E mesmo que não chegue a acontecer, eu farei até o dia que ele continuar me dando alegria e realização pessoal; porque essas coisas também têm a sua relevância ao definir um bom trabalho. Mas o fato é que toda pessoa, inclusive as assalariadas, tem direito a serem dispensadas de seu trabalho por doença. É um direito, que sequer foi criado por mim. É óbvio que eu entendo a urgência de todos mas falta de educação e sensibilidade com o outro, eu não entendo e não aceito.

Eu acho que já passou da hora da gente se autoavaliar. O que eu tenho dito tem acrescentado algo bom na vida do outro? O que eu penso sobre ele vai realmente ajudar? O que eu preciso dizer a ele está sendo dito da maneira correta? Estou procurando uma maneira civilizada, digna e respeitosa de me expressar? Tenho mesmo que opinar sobre tudo o que o outro faz? Tenho eu condições de opinar em tudo? É realmente necessário opinar em tudo?

Que a nossa vida tem mais amor e coerência.

clarice-L-3

Um ótimo dia pra todos nós!

 

Fê La Salye
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