Amo ler. É uma paixão que herdei dos meus pais. Cresci rodeada de livros, sempre fui uma das melhores alunas em língua portuguesa. Na infância, eu era a única criança entre os meus amigos que juntava dinheiro pra comprar um livro novo.
Meus passeios preferidos envolvem livrarias, lançamentos de autores, descobrir novos títulos. A paixão por ler me rendeu outro grande amor: escrever, e as duas coisas sempre andaram juntas. Continuam andando mas de uma forma diferente.
Eu leio muito diariamente. Eu trabalho com conteúdo digital e fora isso tenho um blog, o que me “obriga” a ler muito. Num único dia leio teses científicas, caderno de finanças, cases publicitários, matérias de psicologia, documentários, notícias, artigos dos meus clientes e muitas, mas muitas outras coisas. Diria que 70% do meu trabalho só é possível devido a leitura diária que eu consumo. Ao menos 4 horas do meu dia são dedicadas à ela.
Só que essa leitura é completamente virtual. Continuo me alimentando de conhecimento mas o acesso a ele está todo aí, na tal nuvem, no www. Para o meu trabalho e para a minha vida, o avanço da internet fez um bem enorme mas para o meu romance com as páginas dos livros, criou uma frieza e um distanciamento que tem me assustado.
Tenho uma mini biblioteca em casa, bem mini mesmo porque metade do que eu tinha teve que ficar no Brasil quando mudei. Continuo comprando livros e completamente louca pela ideia de ler, mas abro um livro e 3 capítulos depois, a vontade de terminar a história se vai, e se eu continuo lendo, 5 páginas pra frente me pego desconcentrada e com a necessidade de voltar em alguns parágrafos para entender o que aconteceu.
Não tem nada a ver com o assunto do livro, não tem relação com ter deixado de gostar de ler e muito menos tem relação com o formato. Desde que percebi essa dificuldade, passei a ler livros pelo Kindle ou pelo computador, mas nada. Volto a estaca zero ou melhor, volto a ficar com 7 livros iniciados e 0 livros terminados.
Gente, isso tem me deixado em pânico. Talvez só quem goste muito de ler entenda a preocupação.
Acho que tem relação com essa fase acelerada que vivemos atualmente, no sentido de que tudo que era grande ou extenso, tem ficado cada dia mais compacto. É o email sendo trocado pelo WhatsApp, é o post sendo trocado pelo Youtube, é o acúmulo de cd’s sendo trocados pelo Spotify.
Já não tenho a mesma paciência de antes para esperar o autor contextualizar os personagens ou fazer uma introdução inteligente. Já quero saber o que vai acontecer, quero começar o livro e me deparar com o desenrolar dos fatos sem que o fim esteja ao final de muitas páginas. É como se eu olhasse para a página de um livro com o mesmo olhar que um leitor de blogs olha para um post, meio que medindo a extensão do texto.
Não, eu não deixei de gostar de ler mas eu não queria que essa “nova forma” de consumir conteúdo me tirasse o prazer que eu tinha na maneira “antiga” de ler. Me assusta não conseguir terminar um livro, justamente porque já fui das que lia 4 livros por mês – sim, eu lia um livro por semana e quando lia 2 por mês era por falta de tempo. Talvez outro fator que tenha contribuído para isso é que eu uso bicicleta para ir trabalhar ou me locomover em boa parte dos locais que vou, então ler e dirigir uma bike é pedir para morrer ou matar alguém. Mas ainda assim, eu continuo lendo muito durante o dia e o livro não tem entrado nesse tempo destinado à leitura.
Meu post só tem uma intenção: saber se mais algum apaixonado por ler tem passado pelo mesmo problema. Help me, please!
Atualizado em fevereiro/2016. Problema resolvido! Foi só tirar da cabeça que eu era obrigada a ler livros e não apenas um conteúdo digital, que tudo voltou ao normal. Não tinha que ser obrigação, tinha que ser natural e prazeroso, como sempre foi e voltou a ser. Ufa!
Fernanda, vamos lá:
Assim como você, amo ler. Parei de comprar livros por uma questão puramente logística, já que não tinha mais onde guardá-los e acabei me rendendo ao Kindle.
Bom, eu entendi muito bem tudo o que você expressou, porque também passo por isso. A minha dica é não se entregar a mais de um livro ao mesmo tempo. Começo um e se vejo que as coisas estão muito lentas, quase parando rsrsrs, insisto mais um pouco. Se continua assim, aí deixo pra llá mesmo rsrs. Enfim. Às vezes a gente não se identifica mesmo com o livro, né?
Estou indo para Santiago dia 13, muito obrigada pelas dicas, têm sido vitais.
Um abraço.
Anália, é bem isso mas estou tentando a todo custo retomar esse hábito. Sinto falta mas ao mesmo tempo sinto que a maneira como eu fazia antes já não serve. Preciso de uma maneira nova de ler livros mas o Kindle não deu certo pra mim. Obrigada por comentar e espero que faça uma ótima viagem!
Sim, isso aconteceu comigo…lia compulsivamente e com extremo prazer, de repente travei em um livro, tentei outros, partí para os levinhos, até que desisti. Parei sem culpa…estava com a consciência tranqüila que tinha tentado, e muito, continuar com a leitura, mas que por alguma razão, parecia uma fadiga. Até fazia um comparativo com “um branco” criativo de um escritor…passei um pouco mais de um ano sem pegar em um livro, sem nem tentar, apesar de ler algumas resenhas e críticas sobre livros lançados.
Até que no carnaval desse ano consegui ler um, corri para a livraria e comprei um novo, bem leve, mas morrendo de medo de não conseguir…que nada, de fevereiro pra cá já foram 9 e começando mais um. E agora estou apaixonada pelo autor Carlos Ruiz Zafón, a Sombra do Vento é um livro incrível e maravilhoso. Já estou iniciando o terceiro dele.
Pra você ter uma ideia, eu e mais dois amigos criamos o nosso Clube do Livro e cada final do mês nos encontramos pra discutir sobre um livro. O desse mês é o Prisioneiro só Céu.
Beijos e espero que você se dê um tempo que vai voltar com tudo. Você vai ver.
Sílvia, adorei seu depoimento, principalmente porque ele envolve uma superação. Obrigada, eu quero mesmo retomar esse hábito que só me fazia bem. Bjs
Passo por isso e você descreveu bem como me sinto! Ao contrário de você, apenas sempre gostei de ler, escrever não.
Já faz uns 7 anos que minha leitura no papel se reduziu drasticamente, sendo que agora posso e compro mais livros… Antes era emprestado, biblioteca, presente ou com os trocados que juntava… Tento resistir ao que você descreve, tanto comprando livros pra mim como presenteando crianças e adultos com livros.
Sara, é bem complicado. Ao mesmo tempo que me alivia saber que não sou a única, me preocupa ver tanta gente com os mesmos sintomas. Mas vamos conseguir retomar esse hábito.
Parece que fui eu que escrevi esse post, hahaha.
Nos últimos tempos passei a ler mais, mas estou tendo que fazer um condicionamento comigo mesmo pra isso. Estabeleci uma rotina de leitura, todos os dias, meia hora antes de dormir, coloco o celular e o tablet longe, e leio mais ou menos um capítulo de um livro. No inicio tava meio complicado, bem essa coisa que você falou de perceber que distraiu e ter que voltar para ler de novo. Agora, uns três meses depois que comecei a fazer isso, está bem tranquilo, e sinto até falta quando por algum motivo não consigo ler.
Abraço!
Marcos, é complicado né? Estou fazendo a mesma coisa que você mas ainda não consegui resultados eficientes mas não desisti. Obrigada por comentar!
Eu me identifiquei demais lendo esse post!! Tomara que isso passe logo. Era tão bom saber que eu poderia contar com um livro para me afastar dos problemas e ir para outro mundo…
Que alívio em saber que não sou a única mas eu já estou elaborando um jeito de voltar a esse amor. Não quero desistir dele.
Não era tão frenética assim com livros como você, rrsrs mas compartilho da opinião que estamos numa era do rápido, superficial e descartável. Acho que vem da globalização, da necessidade de ver e conhecer tudo e da velocidade com que as coisas chegam até nós. Como é humanamente impossível conhecer a fundo, ficamos nas “pinceladas” pelo simples fato de não dar tempo mesmo de entender o roteiro e aguardar o desfecho da história. Isso me preocupa pois sinto que estamos nos tornando cada vez mais objetivos, o que pode ser sim uma linha tênue para a superficialidade.
Parabéns pelo blog, vou a Santiago semana que vem e estou munidas de tudo que preciso graças a você
Obrigada e grande beijo..
Mary, não poderia explicar tão bem quanto você. Obrigada pelas suas colocações e espero que se divirta quando vier aqui. Beijos!
Obrigada!! Estaremos eu e meu marido…. Se estiver tranquila por ai e quiser marcar um encontrinho.. Estamos dentro Rsrss
Grande beijo
Meu problema é falta de tempo mesmo, ao contrário de você, se eu começar a ler um livro, não consigo parar. Até sonho com isso. Fico desesperada, durmo tarde.
Eu estudo para concurso, então o tempo que deveria estar, teoricamente, estudando, estou, na prática, lendo o livro para terminar. Não por querer que acabe pelo sacrifício, mas porque fico viciada (inclusive, me acho meio louca por pensar com como continuaria a estória se houvesse mais um livro etc).
Procure livros menores e que desperte muito seu interesse – uma coisa que meu namorado faz é ler a última página pra ver se ele gostaria de ler o livro rs.
Beijos
Priscilla, sempre fui exatamente como você por livros e é por isso que não me interessar por eles como antes mas continuar lendo 4 horas por dia em outros formatos, me preocupa muito mas eu sei que a paixão pelo formato voltará, porque deixar de ler é impossível pra mim. Ahhh, e sobre a dica, obrigada mas não consigo ler o final. Não gosto de saber o final antes da hora hahaha. Bjs
Adorei este post… é bem assim que estou neste momento. Eu amo ler e amo os livros, tenho vários livros que não terminei e não paro de comprar mais. Quero ler tudo, mas é tanta informação digital, são tantos interesses… encontrei seu blog procurando inspiração para parar de procrastinar e ser mais organizada… adoro vir aqui e encontrar um post inspirador… ;) Bjos
Oi Milena, tudo bem? Nossa, eu fiquei tão triste na época que escrevi sobre. Ainda bem que a fase passou. Desejo o mesmo pra você. Fico feliz que goste do blog. Bjs
Tem um livro que trata sobre isso. Chama-se A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros – autor: Nicholas Carr.
Graças a Deus superei essa fase.