20 abr 2020

5 coisas que abri mão ao morar fora

MORAR FORA > MORAR NO EXTERIOR

Já são quase 10 anos fora do Brasil e tirando amigos e família que é algo que todos já imaginam, quero contar 5 coisas que abri mão ao morar fora.

1. Carreira

Na época eu já era chefe de marketing digital e com uma carreira promissora. Deixei tudo isso de lado. Teria sido mais fácil se eu tivesse recebido uma proposta similar no exterior antes de me mudar mas não foi assim. Minha carreira no Chile só vingou 5 anos depois. Óbvio que foi bom e que não tenho arrependimentos mas o fato é que conhecendo as circunstâncias de crescimento que me foram apresentadas quando eu ainda morava no Brasil, é um fato que eu estaria em outro nível profissional hoje se não tivesse arriscado essa área da minha vida. Por isso sempre aconselho a analisar muito bem esse aspecto antes de fazer a mudança. O ideal é mudar de país já com emprego garantido e se ele significar uma continuidade da sua carreira e não um recomeço (mudança de área, por exemplo) que vai somar mais um ítem na sua adaptação fazendo com que ela demore mais para acontecer; melhor ainda. 

2. Estabilidade Emocional

Morar fora é trocar todas as suas certezas por um milhão de perguntas. É aceitar que ao menos por 2 anos você vai dormir e acordar com dúvidas, como: fui aceita? Tenho amigos? Posso confiar nessa informação? Já sou considerada uma cidadã local com os mesmos direitos de todos? Se me acontecer qualquer coisa, tenho pra quem recorrer?

3. Identificação

Hoje eu sou parte do todo, me sinto em casa e sou muito feliz. Mas lá atrás – e por muito tempo – eu abri mão do sentido de pertencer. Sabe aquela sensação de reconhecer um sabor? Não tinha. Aquela nostalgia de escutar uma música em que todos ao redor cresceram escutando? Não tinha. E a sensação de ser parte do todo? Essa demorou a vir. Até que tudo pareça minimamente familiar, quem mora fora vai ficar um bom tempo sem se sentir parte de nada e pra quem não tem uma boa base emocional, isso pode complicar todo o resto. 

4. Minhas coisas

Foram uns 3 anos usando apenas o que coube numa mala de 23kg. Se você acha difícil colocar tudo o que precisa em uma viagem numa mala de 23kg, imagina fazer a sua mudança de país só com ela. Não deu pra trazer tudo que eu queria. Também foram 3 anos morando em apto mobiliado, sem a sensação de estar verdadeiramente em casa e com a liberdade de usar os móveis como eu quisesse ou uma decoração que realmente fizesse eu me sentir em casa. Não me impediu de viver, claramente não. Mas todo dia existia o exercício de me adaptar, desde a uma nova cultura até a forma de me vestir e de como usar as coisas da “minha” casa. Quando você tem que se adaptar a uma coisa, ok. Quando a sua qualidade de vida depende de se adaptar a vários fatores ao mesmo tempo, é bem complicado. 

5. Alguns sonhos

Na vida nem sempre dá pra ter tudo. Às vezes você temos que trocar um sonho por outro e ao menos nos 5 primeiros anos foi assim. Eu já estava adaptada mas ainda não tinha a certeza se queria investir em projetos arriscados, como: trabalhar pra ter uma casa no Chile ou no meu país? Ter filhos aqui ou perto da família? Investir no emprego que me faz viajar ou que cria raizes nesse lugar?

Hoje tudo é leve e tranquilo mas no começo teve muita coisa em jogo. É obvio que no final de tudo eu fiquei feliz com minhas escolhas mas acho importante sempre falar que não se pode romantizar a mudança de país. 

Gostaram? Como você imagina que é a vida de quem mora fora? Se quiser acompanhar minha trajetória no exterior é só ver os meus vídeos no Youtube

Fê La Salye
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