Se tem uma coisa que a nossa geração aprendeu a valorizar, foi a alimentação saudável. Não faltam perfis nas redes sociais divulgando receitas saudáveis e dicas para uma vida mais natural. Até no perfil do blog (@pigmentof) eu posto as dicas do projeto #desembucha, que tem a mesma intenção. Mas como saber quando esse estilo de vida vira um transtorno alimentar?
Para o médico americano Steven Bratman autor de Health Food Junkies (Viciados em Comida Saudável), é preciso alguns cuidados para não fazer desse estilo de vida uma Ortorexia.
Mas o que é isso?
“A ortorexia nervosa é uma doença ainda não reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), nem figura nos manuais de psiquiatria. É classificada como um Transtorno Alimentar Não Especificado (Tane) ou Transtorno Alimentar Sem Outra Especificação (TASOE). Os portadores desse distúrbio vivem examinando o que irão comer, provocando um efeito contrário ao de uma dieta saudável, ou seja, desequilíbrio alimentar”.
Em outras palavras, o ortoréxico é aquela pessoa que transformou uma dieta saudável em uma doença. Mas aí você se pergunta: Não tem um pouco de exagero nessa afirmaçao? Será que o fato de me cuidar e querer o melhor pra minha saúde, me coloca na lista de pessoas com transtornos alimentares?
A sua dúvida também já foi a minha e por isso resolvi fazer este post para detalhar melhor o assunto e os sintomas. Uma dieta ou uma alimentaçao saudável nao é motivo pra susto porque afinal, o correto é todo mundo tentar viver assim. A medicina apenas tenta alertar a populaçao para tomar cuidado com algumas práticas que passam do normal. Sao elas:
1. Comportamento Antisocial
O ortoréxico faz de tudo para nao sair da sua alimentação, nem que pra isso ele tenha que ir ao único supermercado natureba da cidade. Justamente por só confiar nos alimentos vendidos aí ou nos que possuem menos calorias, agrotóxicos e gordura trans, ele não confia na alimentaçao comprada ou feita por qualquer pessoa que não seja ele. A partir daí, conseguir que um ortoréxico frequente restaurantes, churrascos de amigos e festas familiares, é praticamente um milagre. E se ele for, vai levar a própria comida. É claro que isso não inclui pessoas que estao em tratamento médico e possuem uma real necessidade de comer apenas aquela comida que foi recomendada. Essa característica pertence às pessoas completamente saudáveis mas que não conseguem, nem que apenas 1x no dia, se dar ao luxo de comer algo mais “normal” e vao perdendo a chance de desfrutar de convívios familiares ou de amigos à mesa.
2. Dedica horas do dia pensando no que vai comer
O que comer e quando comer, toma conta da mente do ortoréxico. Ele realmente se preocupa com isso mais do que qualquer coisa e esse é, em geral, o seu único assunto.
3. Rejeita alimentos cultivados com adubos e herbicidas ou que possuam substâncias artificiais
Ou seja, achar um alimento que ele realmente considere saudável, é uma missao quase impossível.
4. Sua principal leitura: os rótulos dos alimentos
Para o ortoréxico não existe a possibilidade de comprar um alimento apenas comparando marcas e preços ou medindo o nível de açúcar ou sódio. Ele realmente lê minuciosamente cada rótulo e os compara entre si. Ir ao mercado com ele é pedir para se entediar.
5. Prefere cozinhar e comer sozinho
Isso porque, como já foi dito, só confia no que compra e no que faz.
6. Se nega a comer em lugares que nao considera apropriados
Isso inclui inclusive aquele dia de muita fome. Um ortoréxico nao vai comer num lugar que não apresente a higiene ou o valor nutricional que ele acredita ser apropriado e esse nível de exigência é infinitamente superior ao das pessoas ao seu redor.
7. Mastiga milhoes de vezes antes de engolir
Ele leva à risca a regra de que todo o seu corpo precisa contribuir para uma excelente digestão.
Mas uma coisa precisa ficar bem clara:
Um vegetariano ou um naturalista não são necessariamente ortoréxicos. Pessoas que escolhem ter um estilo de vida mais saudável sao felizes e nao há nenhum perigo ou mal nisso. O problema acontece quando você passa a ser escravo do seu estilo de vida. Eu nasci numa família de vegetarianos e fui vegetariana até os meus 27 anos. Eu comia tudo muito natural e não sentia vontade de comer carne, mas minha mãe sempre se preocupou em fazer um cardápio que substituísse bem o valor nutricional da carne, que fosse uma comida deliciosa, mas principalmente; que eu e meus irmãos não encarassem a alimentação como um fardo. Eu sempre participei de todas as festas que me convidaram, sempre fui a churrascos, ceias de natal e de ano novo. E nunca levei a minha comida. Eu comia o que tinha de natural e me permitia alguns excessos. Sempre foi assim. Aos 28 anos, eu decidi passar a comer carne (mas pelo costume de anos vivendo assim, não como todos os dias mas me permito comer) porque quando me divorciei (já contei isso aqui), eu passei por uma fase de total depressão e me joguei na comida. A carne nunca me fez mal, que fique claro. Mas foi nessa época que fiquei acima do peso porque passei a comer de tudo, até o que era ruim para minha saúde.
O ortoréxico jamais se permite momentos como esse, ou seja, de conviver de verdade com pessoas que não tenham o mesmo estilo de vida que ele. Essa é a diferença. O que o ortoréxico não se dá conta, é que o se cuidar em excesso, pode estar alimentando uma doença grave. Como ele não vai comer onde nao confia, costuma passar horas em jejum e isso causa fortes dores de cabeça e hipoglicemia. Esse comportamento obsessivo também provoca a deficiência de vitaminas, distúrbios hormonais, anemia, osteoporose por carência de cálcio, depressão, ansiedade, hipocondria, dores musculares, apatia e etc.
Portanto, quem decide ter uma alimentação saudável, deve fazer isso sem neuras e sempre com a ajuda de um profissional, principalmente se você já se identificou na lista de sintomas.
Na alimentação, assim como em tudo na vida, é preciso equilíbrio.
Gostaram da dica? Já conheciam esse transtorno? O que acham?
Eu achei super interessante criarem um termo para isso. Vejo muita gente deixando de ceiar com a família (até escrevi sobre isso no meu blog), neuróticos com comida pura e afins, e deixando de curtir momentos. Eu também não como carne, mas é porque me faz muito mal – faz 13 anos que cortei a carne vermelha e há alguns meses estou cortando o frango também. Mas aí é por uma questão de saúde, não neurose. A meu entender, pessoas acima do peso tem um distúrbio emocional que se não é resolvido faz a pessoa ficar buscando extremos, seja descontando as emoções na comida, seja criar neuroses descabidas. Você ouviu falar do novo livro do Deepak Chopra?
É verdade. É preciso muito cuidado para nao transformar o desejo de viver bem em uma neurose. Eu deixei de ser vegetariana mas como eu disse, foram anos acostumada a nao comer (e sem imposiçao) entao eu nao tenho o costume de comer sempre, mas me permito sem neuras. Eu acho que a neurose é a pior doença pra qualquer área da vida e foi ótimo terem colocado isso como um transtorno. Tem gente passando da conta mesmo. Ainda nao ouvi falar desse livro. É sobre o que?
Pigmento F O livro se chama 'What are you hungry for?'. Eu acho que ainda não saiu em nenhum outro país além dos EUA, mas dá para comprar pela Amazon. Neste livro o Deepak conta sobre como misturamos nossos sentimentos com comida, e isso faz com que a gente coma ou deixa de comer por motivos que na verdade deveriam ser tratados com mudanças no estilo de vida. Por exemplo, lendo um livro quando a 'fome' é de conhecimento, ou indo a um parque quando a 'fome' é de bem estar. Estou amando!!!
Nooooossa, já amei. Vou tentar baixar no Kindle. VALEU A DICA, amo ler.