A cara de nojo que alguns fazem quando você diz que fará uma viagem internacional

“Que lindo casaco, onde foi que você comprou?”

Em uma viagem que fiz à Paris. Estava com um preço ótimo.

“Ah tá”, responde com desprezo essa minha conhecida, como se de repente o casaco passasse a ser mais bonito ou mais legal se tivesse sido comprado em uma super liquidação no Brasil, ou na cidade dela ou naquela lojinha do bairro.

É como se a simples informação do local geográfico da compra, colocasse você em um suposto patamar de riqueza ou de antisocial.

Incrível como as pessoas ainda possuem um conceito totalmente equivocado quando o assunto é viagem internacional.

Já faz tempo que esse tipo de viagem deixou de ser um luxo, algo pra poucos. Alguns destinos continuam sendo caros mas a forma como as pessoas escolhem conhecê-los se ampliou.

Conheço – e sou uma dessas pessoas – que já se hospedou em muitos lugares onde a diária custava menos do que o Whey Protein que os que desdenham de viagens internacionais não ligam em pagar.

É curioso ver que passar 3 anos economizando para ter 5 mil reais para viajar, é coisa de “filhinho de papai” – veja bem, esses 5 mil reais você conseguiu após 3 anos engordando com dificuldade o seu cofrinho – enquanto os que criticam quem viaja, pagaram mensalmente – MENSALMENTE – parcelas de pelo menos 1000 reais para o carro zero que compraram.

Assusta dizer que você vai passar 6 meses em outro país aprendendo um novo idioma mas pagar 6 meses adiantado de academia é totalmente aceitável, mesmo que você não vá à academia nenhum dia.

Se você diz que experimentou um prato delicioso em outro país com ingredientes que no Brasil são caros mas que lá são comuns, você acaba de se tornar o mais novo amiguinho rico do seu círculo de amigos, mas gastar os mesmos 50 reais todos os finais de semana, provando as mesmas coisas no mesmo bar e até em um fast food, isso pode, isso é muito aceitável.

Dizer que foi à uma cafeteria local em outro país para comer o que os nativos comem no café da manhã e até arriscar uma conversa com eles, é ser muito esnobe, mas entrar no Starbucks, tirar foto do clássico copinho e postar no Instagram como a coisa mais cool do mundo, isso é normal, isso pode, afinal; uma franquia cobrar em média 10 reais por um café , 5 reais por um salgado, 5 reais por uma água e você pagar 20 reais apenas por 3 coisas, é algo bem barato para um simples café.

Ler blogs para organizar melhor a sua viagem e seguir perfis relacionados ao seu destino para ter as melhores dicas, é não ter uma louça para lavar ou um trabalho que te exija muito, mas não pesquisar nada sobre o local, chegar lá totalmente despreparado, sujeito a empregar mal o uso do seu tempo e dinheiro, isso sim é algo muito produtivo.

É mais rico quem viaja? De dinheiro não mas ao menos de novas experiências, de sensações inéditas, de aprendizado e de leveza de espírito, com certeza! Porque quem viaja sabe que há diferentes formas de viver por esse mundo à fora e que a melhor delas é possível quando você entende que a quantidade de dinheiro não pode e não define quem escolheu se permitir a despeito do seu poder aquisitivo.

Viagem é cultura, é conhecimento, é qualidade de vida. Se tudo isso não for considerado um investimento, então realmente os que estão vivendo de luxos não são os viajantes.

Viaje mais! Aposto que não sobrará tempo para reclamações, amarguras e para reparar no que é muito, mas muito pequeno.

Atualizado em 10/jan/2016: Não há NENHUM problema no preço do destino e muito menos em ser rico. O ponto central do texto nem é o poder aquisitivo de cada um mas no esforço de todo ser humano, sendo pobre ou rico, em chegar aonde chegou e ter o DIREITO de fazer o que quiser com o dinheiro que lutou para ter e também em fazer cada um pensar que muitas vezes criticamos o valor que o outro paga em viagens quando muitas vezes gastamos o equivalente em outras coisas que às vezes nem usamos ou damos o devido valor. Esse é o ponto central do texto: liberdade de escolha, valorização ao que cada um lutou para ter independente da conta bancária e viver com leveza.