Coisas que talvez você não saiba sobre um blogueiro que não vive do blog

Hoje eu resolvi fazer um post diferente. Algumas pessoas tem curiosidade de saber como é a vida de um blogueiro. Eu mesma tinha essa curiosidade com relação a alguns blogueiros que leio. Mas geralmente, os posts mais esclarecedores sobre esse assunto, são feitos por blogueiros que já conquistaram a benção de viverem dos seus textos. Hoje eu quero contar o outro lado da moeda. Quero que vocês saibam um pouco como é a vida de um blogueiro que ainda não conseguiu fazer do blog a sua profi$$ão e por isso mesmo, seus desafios são gigantescos frente à “concorrência” existente na blogosfera.

É o meu caso. Eu amo escrever desde que me entendo por gente, escolhi a área de comunicação para trabalhar, sou publicitária, escrevo para blogs desde que iniciei no mundo profissional e há 2 anos lancei o Pigmento F, mas ele não me rende ainda centavo algum. Eu vou adorar quando isso acontecer porque realmente dá um trabalhão bloggar e só quem já se jogou nesse universo, vai me entender. Mas enquanto isso, eu sou feliz com a visibilidade que ele já ganhou, com os seguidores que me alegram diariamente dizendo que minhas dicas foram úteis e com a satisfação pessoal que ele me dá. Se a tudo isso, o futuro ainda me reservar fazer dele a minha profissão, serei uma pessoa muito realizada, mas enquanto isso, vou contar pra vocês como é o dia a dia e as principais dificuldades de um blogueiro ao estilo “ong”, sem fins lucrativos rsrs.

Correndo contra o tempo

Geralmente, quem ainda não vive do seu blog, fica tentando encontrar a fórmula mágica de multiplicar as horas do dia. Uma vez que ele precisa trabalhar para pagar as contas, sobram pouquíssimas horas diárias (e disposição física também) para inspiração, planejamento estratégico do blog (acredite, blog também precisa de um), textos bem escritos, imagens bonitas, gravação e edição de vídeos, responder emails e comentários, buscar potenciais parceiros ($$), desenvolver um layout lindo e agradável e por aí vai… E quando sobra um pouco de tempo, ele ainda precisa conciliar muito bem com a sua vida pessoal (leia-se namoro, casamento, faculdade, filhos, viagens…) porque continuar vivendo é fundamental e sem sacrificar a vida do parceiro, é mais essencial ainda. Com isso, fica ainda mais difícil ter um blog que seja lido por muita gente, que seja atrativo, bonito, que ofereça benefícios aos leitores e etc. Quem conseguiu viver do seu blog, tem pelo menos 8 horas diárias dedicadas a ele. Quem ainda não conseguiu, tem o que dá e nem sempre o que dá é suficiente.

Redes Sociais

Elas são fundamentais para que um blogueiro se torne conhecido. Como publicitária, sei bem o quanto é importante estar aonde o nosso consumidor está. As redes sociais precisam seguir o padrão do blog e precisam ser constantemente atualizadas e respondidas. Essa parte já é bem complicada porque envolve o tempo já mencionado anteriormente, mas acredite em mim: ainda que você vire um zumbi, que levante de madrugada para responder os comentários porque é o único tempo que você tem ou que use um precioso tempo do seu final de semana; vale muito a pena! Seu leitor, ainda que não tenha ideia do que passa por trás da telinha pra que a mensagem chegue até ele, vai se sentir acolhido e importante pra você e isso ajuda – e muito – a criar a reputação do seu blog.

Minha experiência como publicitária e blogueira, me provou que em algumas redes sociais você terá mais sucesso que em outras e isso é normal. As redes que costumam ter mais seguidores são o Facebook e o Youtube, por razões óbvias: são mídias massivas, onde você consegue atingir boa parte do perfil padrão de leitores: os que gostam de ir direto ao assunto e interagir (Facebook) e os que preferem mais ver do que ler um post (Youtube). Apesar de muita gente já ter desistido dele, o Twitter ainda sobrevive e talvez seja importante você se manter por lá. O Instagram virou febre e muita gente ama porque foto é algo bem agradável, mas às vezes, até os blogueiros bem conhecidos possuem menos seguidores no IG do que no Facebook. Os que mais possuem seguidores muitas vezes possuem lindas fotos (e pra isso depende de um outro fator comentado abaixo) ou que você fale de um assunto que inevitavelmente vai render lindas fotos diárias que muitas vezes nem precisam ser suas. A maior prova disso são os perfis de casamento. Qualquer foto de casamento teve um lindo cenário, boa luz, gente bem vestida e etc. E isso conta muito para o seu seguidor.

Outra coisa que talvez muita gente não saiba é que já foi mais fácil ter muitos seguidores no Facebook. Antigamente, você criava uma página profissional na rede e todo mundo (99,9% das pessoas com conta na rede social), visualizava a sua página porque o Facebook permitia isso, o que aumentava muito a chance de você ter novos seguidores. Hoje em dia já não é mais assim. Pra que você seja visto por mais pessoas você precisa pagar para o Facebook e quem ainda não vive do blog, dificilmente terá como fazer este investimento. A conclusão é a seguinte: quem criou um blog antes de 2010 (pesquisas já cansaram de provar) e usou o Facebook como principal meio de divulgação e fez um excelente trabalho (o principal, inclusive); se deu bem. Quem entrou na rede depois disso, teve maior dificuldade de exposição e só pode contar com 2 fatores: grana para ser melhor visualizado ou apenas um bom trabalho que te faça ser visto. Se você tiver condições de pagar por exposição no Facebook, eu recomendo. O seu trabalho pode até te diferenciar mas a regra marketeira é clara: quem não é visto, não é lembrado. E é aí que a vida de um blogueiro ong fica mais difícil again.

Sorteios

Se já é difícil investir em meios de divulgação, imagine em sorteios que você precisa comprar do seu bolso porque não tem lojas parceiras te enviando produtos? Então se você já ganhou algum prêmio no PF ou de qualquer outro blog no mesmo perfil, valorize! Esse blogueiro realmente tirou a grana de coisas importantes da sua vida para te presentear, sem nem te conhecer. Sem contar que se não houve apoio para a compra do prêmio, que dirá para o envio. E meus amigos, o frete é cada dia mais abusivo, ainda mais quando a blogueira ong vive em outro país. Dói só de pensar rsrs. Isso até faz você entender porque a maioria dos sorteios de blogs assim são feitas apenas na cidade ou país em que o blogueiro vive. E agora que você sabe de tudo isso, vai ser bem mais fácil compreender porque há um espaço longo entre um sorteio e outro. É que no meio de tudo isso tem água, luz, internet e várias outras coisas pra pagar. Um sorteio sem planejamento pode custar o 13º do seu blogueiro rsrs.

Fotos & Vídeos

O blogueiro ong pode ter boa vontade, ser criativo e até encontrar tempo para gravar, mas apenas esses pontos não garantem muito retorno. Fazer boas fotos depende de uma boa câmera, lentes especiais para melhores efeitos, iluminação profissional, editor de vídeos profissional para edições mais agradáveis de serem vistas, cenário adequado e por aí vai. Tudo isso tem um custo enorme, o mais caro entre os ítens de investimento de um blogueiro e que chegará o dia em que ele precisará fazer o sacrifício, já que seu seguidor a cada dia se torna ainda mais atraído pelo que vê. O blogueiro ong tenta fazer uma produção de cinema usando uma câmera que muitas vezes é inferior ao que leitor usa em suas viagens. Muitas vezes o celular dele tem efeitos melhores que a sua câmera. Às vezes, o que resta para editar é a versão grátis do iMovie (se ele tiver a sorte de ter um Mac) ou versões ainda mais limitadas como a do MovieMaker em computadores comuns e elas não dão aqueles efeitos lindos de edição que você vê nos canais de blogueiros profissionais. E o fator iluminação? Esse verdadeiramente mata o blogueiro ong do coração. Além do coitado já não ter tempo e recursos, precisa contar com a sorte de fazer um lindo sol no dia em que for gravar para aproveitar ao máximo a luz natural e uma edição livre de escuridão e sombras refletidas. Vai achando que é fácil rsrs.

Layout, Domínio e Hospedagem

Ter um domínio na internet (Ex: “nomedoseublog.com”), não é caro. Você paga em média 30 dólares anuais mas é uma graninha que você precisa tirar de algum lugar. E o blogueiro ong sabe disso e acaba fazendo o esforço antes mesmo de divulgar o blog, porque sabe que quase ninguém dá credibilidade a um endereço que seja .blogpsot ou .wordpress (o que é uma pena pois tem bons conteúdos nesse meio mas contra estatísticas não há o que fazer). Imagine a dificuldade desse blogueiro de apostar num domínio que não sabe se será lido por alguém e que não faz ideia de quando terá um retorno financeiro? Então tomar essa decisão não é um passo simples.

Depois disso, vem o layout. Quando você não tem grana, você é obrigado a usar os templates grátuitos que a sua plataforma (wordpress ou blogspot – conselho pessoal: migre para o wordpress. Ele vai tornar a sua blogagem grátis mais digna e facilitada) disponibiliza, e eles não são lá muito bonitos e funcionais. Isso desanima esse blogueiro, já que o ideal seria investir em um template premium (você paga para usar um layout que já está pronto, só precisa adequar às suas necessidades) e o mais ideal ainda seria pagar um designer/programador para desenvolver algo personalizado. Enquanto isso, ele vai correr o risco de muita gente deixar de seguir porque a fonte atual é cansativa, a página é poluída demais, e por aí vai. Sei bem do que estou falando porque o PF já está indo para o seu terceiro layout (o primeiro foi grátis, o atual mandei fazer e o próximo está sendo estudado) mas ainda assim, nem sei se ele será o definitivo, porque como eu pago o que posso no momento, talvez o layout não atenda todas as necessidades do leitor e minhas, mas o blogueiro ong vai tentando fazer o que dá pra melhorar o seu espaço.

E como se não bastasse, ainda tem a hospedagem. Aquele serviço que você tem que pagar para que o blog não fique “caindo” toda hora, não dê erros ao linkar em algum lugar e muitos outros pontos. Barato não é.

Outros Custos:

Também tem os custos que ninguém se pergunta mas eles existem. A internet, o meio de transporte utilizado até o local das fotos ou gravação (ahhh, se o meu bilhete único chileno falasse rsrs), no meu caso, tem também as entradas que eu pago em cada passeio turístico que resolvo fotografar ou filmar pra vocês, produtos que você precisa comprar para resenhar porque não dá pra esperar uma empresa decidir apostar em você (e as resenhas estão entre os ítens mais lidos de qualquer blog, já que todo mundo quer saber a opinião do outro antes de se arriscar), compras de artesanato para posts de D.I.Y, e outros que não vou me lembrar agora.

Qual era o objetivo deste post?

Matar a curiosidade existente em muita gente que segue um blog ou que deseja ter um. Mostrar que sempre haverá desafios (sendo profissional ou blogueiro ong) mas que no começo é pior, como todo começo de qualquer projeto. Que o blogueiro que conseguiu viver dos seus textos, merece estar aonde está porque a sua trajetória não foi das mais simples. Que esse trabalho deveria mesmo ser visto como uma profissão. Mas acima de tudo, fazer você entender que quem se dedica a esse universo sem recursos é movido de muita paixão pelo que faz e que mais do que conhecimento, ele coloca carinho em cada coisinha e por isso ter o seu apoio é fundamental para que ele não desanime e percorra o seu sonho. Fora isso, fiz o post para também conscientizar de que pode ser que você consiga fazer disso a sua profissão mas também pode não passar de mais um sonho na www. Quando mais você estiver ciente disso, menos vai se frustrar e mais feliz e disposto estará diariamente para oferecer o melhor que tem, dentro das suas condições. O que é pra ser, será e tem o seu tempo para acontecer. Enquanto esse tempo não chega, apenas dê o seu melhor que ele não será em vão.