Esqueça essa esmola que você chama de amor

Quantos erros a gente comete quando quer ser aceito por alguém. Pior que isso é o esforço que fazemos para que o outro se encaixe nos nossos requisitos.

Quando queremos muito nos relacionar com alguém ficamos cegos e gostamos de nos enganar, gostamos de complicar o que definitivamente deveria fluir sem esforço.

Fazemos questão de dizer ao outro como ele deveria ser, o que ele deveria fazer e colocamos sobre ele a responsabilidade de fazer acontecer o nosso sorriso.

Acho que demoramos a entender o que é o amor. Amor não é uma esmola, não é algo que te entregam no farol por pena ou para que você pare de insistir.

Amor não é precisar de alguém e também não é ter alguém que precisa de você. Amor não é algo que completa o que estava vazio, amor é aquilo que chega para transbordar um estado de felicidade que já existe e que por ser tão capaz de ser feliz sozinho, tem felicidade de sobra para ser compartilhada com o outro.

Amor é uma dependência sadia desde que não cause abstinência de você mesmo. Desde que ser você na companhia ou na ausência do outro nunca seja complicado ou impossível.

Amor não tem ligação alguma com aquela pessoa que está bem quando passa mais tempo no celular falando com você do que com você. E também não tem ligação alguma com aquela pessoa que diz te amar quando está presente mas que sabe como ninguém como ser ausente na relação.

Amor é correr riscos porque você só tem como saber se vai dar certo quando enfrenta seus medos, quando doa o seu tempo, o seu afeto, o seu companheirismo, o seu compromisso. Nunca será amor se tudo o que você faz é não ter coragem para se entregar.

Amor é aquilo que acontece quando você fica, permanece, se mostra estável com seus sentimentos. Amor é estar sempre sem que o outro peça e levar o outro no peito sem que ele precise reforçar que é na distância que os laços se intensificam.

Amor não é pedir que o outro te escute, que tenha sensibilidade, que se preocupe com os seus problemas. Amor é sentir nitidamente que tudo isso acontece como resultado de sua existência dentro do coração do outro.

Amor não é se acorrentar a alguém que só quer curtir. Amor é aquilo que fica visível quando duas pessoas fazem planos onde o outro já está incluído não por imposição mas por uma escolha natural do coração.

Amor não é um “até que a morte nos separe” e sim a certeza de ter vivido algo que transcende, que não termina no acontecido mas permite ao que ficou se refazer.

E definitivamente, amar não é ir atrás cada vez que o outro demonstra que já não quer ficar. Amar é não precisar ter que ir buscar, é permanecer aonde quem te ama saberá que poderá te encontrar e que sem dúvida fará questão de jamais sair desse lugar.