28 set 2015

Educação Financeira: Dê ao seu filho a chance de ser rico

COMPORTAMENTO > Organização

Uma das coisas que eu amo no meu trabalho, tanto com o blog e principalmente como publicitária e jornalista, é a oportunidade diária que tenho de ouvir histórias. Esta semana eu tinha que produzir uma matéria sobre educação financeira para um dos sites que eu escrevo e gerencio conteúdos e tive o grande prazer de conhecer uma família que conseguiu fazer com que seu filho começasse um planejamento financeiro aos 5 anos de idade. É isso mesmo que você leu.

Fiquei tão impressionada com a história que pedi autorização para publicá-la aqui no blog, na coluna Sucesso Digital. Prometi aos envolvidos que manteria seus nomes em sigilo já que preferiram não se identificar. Vou chamá-los de Flávio, Mariana e Gabriel. Flávio tem 40 anos, é brasileiro, mora em São Paulo e é administrador de empresas. É casado com Mariana que tem 39 anos e é professora. Gabriel é o filho dos dois e atualmente está com 7 anos.

Flávio e Mariana sempre sonharam em ser pais. Quando planejaram a gravidez abriram uma conta para depositar mensalmente um valor destinado ao futuro do filho que ainda nem tinha sido concebido. Os dois vêm de famílias humildes, sendo os únicos na casa com formação universitária. Eles contam que nunca tiveram uma educação financeira. Nunca foram ensinados a lidar com dinheiro até que começaram a trabalhar e afirmam que se tivessem tido uma noção sobre o assunto, ainda que mínima, teriam evitado alguns imprevistos quando jovens e poderiam estar em uma condição melhor do que estão hoje.

Foi por isso que decidiram que com o pequeno Gabriel seria tudo diferente. Quando ele completou 5 anos eles decidiram que dariam a ele 10 reais por mês e com isso ensinariam fundamentos básicos de educação financeira. Agora o Gabriel está com 7 anos e já faz coisas que muitos adultos ainda não fazem. Olha só:

shutterstock_101209453(Imagem meramente ilustrativa)

1. Planejamento Financeiro

Flávio e Mariana contam que a ideia de dar uma pequena mesada ao Gabriel nunca foi para que ele pudesse comprar mas sim para que aprendesse que tudo têm um valor e que dinheiro foi feito para render duas coisas: ou mais dinheiro ou mais dor de cabeça, depende de você o rendimento que ele terá. Faz sentido, certo?

Para que o Gabriel tivesse essa noção, o Flávio comprou um caderno e o chamou de “Ficando rico com meus Papais”. Neste caderno o Gabriel foi ensinado a anotar todos os gastos que ele tem, ou seja, se ele compra um doce, um pacotinho de figurinhas ou qualquer outra coisa comum a uma criança, ele precisa anotar. Ao final do mês o Flávio revisa o caderno e se tem a mesma quantidade de anotações ou mais, Gabriel ganha 1 real a mais no próximo mês e se o Gabriel esquece de anotar, o pai desconta 1 real da sua mesada que é destinado para os gastos da casa.

“No começo a gente achava que ele ía achar isso tudo muito chato mas fizemos de uma maneira divertida. O caderno é colorido, desses personagens da Disney que criança adora e sempre tratamos o planejamento financeiro como uma brincadeira, como um jogo aonde ele pode ganhar ou perder e com essa linguagem lúdica ele vem registrando seus gastos e ganhos há 2 anos e adora a brincadeira. E é interessante ele perceber com o que gasta mais. Esses dias ele disse que precisa comprar menos doces para conseguir comprar mais carrinhos, ou seja, ele tem aprendido a gerenciar o dinheiro.”

 2. Prioridades e Fundo de Emergência

São poucas as pessoas que esperam pagar as prioridades para só depois fazer gastos e o número é ainda mais reduzido quando se trata de ter um fundo para situações de emergência. O Gabriel já faz isso desde os 5 anos de idade.

“A cada início de mês, no dia do nosso pagamento, a gente se reune na sala para o ‘jogo da riqueza’. É nesse momento, em forma de brincadeira, que revisamos o caderninho do Gabriel e que comemoramos e agradecemos a chegada do novo salário. Entregamos os 10 reais dele e mostramos que também temos 10 reais para que ele veja que assim como ele, nós também estamos ‘jogando’, conta Mariana.

“E aí estabelecemos as regras do jogo, ou seja, como vão funcionar os gastos do mês. Desses 10 reais, o Gabriel já sabe que 1 real ele deve nos entregar para os Gastos de Emergência, afinal, nosso filho já sabe que a professora pode pedir para comprar um livro que a gente não tinha planejado ou a escola pode planejar uma excursão de repente. Assim é mais garantido que ele participe de tudo porque guardou dinheiro para isso. Ele também precisa tirar mais 1 real para as despesas da casa. Nosso filho já sabe que a energia elétrica tem um custo, a água, a casa que a gente mora e que todo mundo precisa ajudar para que tudo funcione. Ele já sabe que dos 10 reais que ganha, 2 reais já tem destino certo e isso não é um problema para ele, conclui Flávio.

 3. Planejar Sonhos

Todo grande sonho tem um custo e devemos nos preparar para cada uma dessas conquistas. Para o Gabriel, contribuir para as suas pequenas conquistas tem sido fundamental para a sua autoestima.

“Nós nunca falamos para o Gabriel que era o Papai Noel que trazia os presentes no final do ano. Nada contra quem o faça mas nós escolhemos outro caminho para ele. Até os 5 anos a gente simplesmente dava os presentes mas quando vimos que ele já era capaz de entender como as coisas funcionavam, simplesmente explicamos que todo mundo trabalha para conquistar o que quer e que ele poderia ajudar o papai e a mamãe a conseguir o presente dele. Fizemos isso através de incentivos como o fato de ganhar 1 real a mais com boas notas na escola ou quando ajuda a mamãe em casa ou simplesmente com o fundo reserva que ele mesmo alimenta. Pode ser menos lúdico para muita gente, mas a vida também é. E o Gabriel não é menos feliz ou menos criança por isso, pelo contrário. Ele fica muito feliz quando vê que ajudou os papais na compra do presente que ele tanto quis e em janeiro ele define o presente que ele vai se esforçar para ganhar em dezembro. A vida é assim e o nosso Gabriel já sabe disso.”

 4. Ser mais consciente

“O poder de absorção de uma criança é incrível e os pais precisam aproveitar isso. O cérebro de uma criança é uma esponja que absorve tudo o que entregamos para ela e melhor: faz isso sem cansaço, sem preconceito. Esse ‘jogo da riqueza’ que criamos para ele fez dele uma criança feliz com suas conquistas mas muito consciente do valor das coisas e muito generoso também. Às vezes eu vejo que ele anotou no caderninho que emprestou dinheiro a um amiguinho que queria um lanche da escola ou perguntando aos avós ou até mesmo para nós se querem que ele empreste dinheiro. Quando ele vai ao mercado com a gente, se algo passa de 10 reais ele fala ‘que caro, mamãe’, ou seja, ele já sabe que tudo que ultrapassa a renda que ele tem, é caro para ele. Esse aprendizado ainda tão pequeno, não tem preço!”

A mesada prejudicou o orçamento de vocês? Pensam em aumentar o valor com o passar dos anos?

“Todo pai sabe que esses pequenos gastos com as crianças já existem. A criança sempre pede dinheiro para alguma coisa, principalmente quando passa a ir para a escola. O que fizemos foi entregar nas mãos dele uma pequena parte do que já estava destinado para gastar com ele, para fazer disso um aprendizado que o acompanhará pelo resto da vida. É claro que com o passar dos anos as necessidades dele vão aumentar mas até lá ele já vai ter aprendido a gerenciar o dinheiro, independente da quantia e que para essa quantia aumentar, ele precisa ‘trabalhar’ para isso”. No fundo nós fizemos isso por achar injusto esperar que nosso filho seja um adulto bem sucedido apenas confiando no salário que a profissão dele vai proporcionar. Se nós não ensinarmos como se usa e se perde dinheiro, seu primeiro salário será mal utilizado e ele já vai começar a vida adulta com grandes chances de não ser rico. Aliás, ser rico é possível, ainda que você venha da classe pobre ou média, como preferir chamar. Se falar sobre sexualidade com crianças não pode ser um tabu, a educação financeira também não pode ser,” diz Flávio.

02(Imagem meramente ilustrativa)

Gente, fala sério se essa família não é incrível?! Que ideia genial! Se essa família morasse no Chile seríamos melhores amigos porque o Narciso é economista e sempre conversamos sobre essas coisas. Nós sempre pensamos em educar nossos filhos dessa forma mas como ainda não somos pais, não sabíamos se seria algo muito precoce para uma criança. Ver que isso funciona e sendo contado por pais foi libertador para nós e principalmente ver a alegria do Gabriel. Ele me disse que esse mês, quando fizeram as “regras do jogo para outubro” ele ficou muito feliz pois parte do dinheiro dele será usado para pagar a luz, que ele já sabe que ficou mais cara esse ano no Brasil. Eu fiquei 50 tons de nude hahaha.

Trouxe essa história para o blog, em uma coluna que fala sobre produtividade em geral e empreendedorismo, justamente porque é um exemplo claro de que somos o conhecimento que adquirimos. Nossa empresa, nosso trabalho, nossos estudos, nossa VIDA pode ser melhor quando tivermos total consciência financeira. Não podemos escolher se o berço que vamos nascer será de ouro mas podemos multiplicar os recursos que temos e proporcionar berços ainda melhores através do nosso legado.

 

 

Fê La Salye
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Comentários

2 comentários em "Educação Financeira: Dê ao seu filho a chance de ser rico"
  1. Rafaela Marschall   23/10/15 • 21h07

    Amei a história. quando tiver filhos quero fazer o mesmo. Acho que esse é um presente pra vida toda, além de que é ótimo que os pequenos saibam de onde vem as coisas e os confortos que eles tem.

    • Fê La Salye   25/10/15 • 17h04

      Com certeza! É um ótimo exemplo a ser seguido. Beijos!

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